sexta-feira, 8 de junho de 2012

Pedagogia Hospitalar



Sareh atende a mil estudantes em cinco anos em Maringá
Criança estuda na sala do Sareh, no HUM Enquanto organiza o mural com fotos de cinco anos do programa de acompanhamento escolar de pacientes do HUM, o Sareh, a pedagoga Ângela Ramalho se dá conta de que alguns já se foram. “Nós estamos no limite entre a vida e a morte aqui, mas a gente foca nosso trabalho na vida", diz. “Faz parte”, repete ela, longe de expressar qualquer frieza — pelo contrário: a memória dos cerca de mil alunos atendidos desde 2007 traz alegria demais para ficar guardada e virou exposição no corredor do hospital na semana de aniversário do Sareh. Ela é quem sai à caça de pacientes em idade escolar (5 a 18 anos) no hospital. Vasculha o sistema online em busca de nomes e oferece o “tratamento educacional” de leito em leito. 
Não é obrigatório, mas quem se nega acaba contagiado pelo colega de enfermaria que aceita. As aulas, em grupo ou individuais, seguem o mesmo conteúdo da escola. “Já tive alunos fazendo prova aqui enquanto a turma dele fazia lá na escola”, conta Ângela Ramalho. Sua equipe não dá notas, apenas informa como o aluno se saiu durante a internação ao colégio, que se encarrega da avaliação formal. A maioria é de escola pública.

A pedagoga Ângela Ramalho e seus alunos do Sareh
O aluno/paciente recordista esteve por quase quatro meses sob os olhos dos professores do Sareh. Tão difícil de curar quanto o politraumatismo do rapaz de 17 anos foi encorajá-lo a estudar. “A autoestima dele estava muito baixa”, lembra a pedagoga. “Seu rosto estava muito machucado, ele estava sem dentes, e repetia ‘eu sou burro, não consigo aprender nada’”. O remédio foi conquistá-lo aos poucos, explica a professora Maria Emília Passos Simões da Silva. Quando ele recebeu “alta” do Sareh, estava mais preparado para encarar a escola. “Não é fácil, é um trabalho pedagógico muito intenso”, diz Maria Emília.
Segundo Ângela, a injeção de autoestima nos alunos “é a grande sacada do Sareh”. Como seu conteúdo também contempla a Educação de Jovens e Adultos (EJA), não há limite de idade para aprender — até mãe de paciente já foi atendida. Hoje, sete estudantes são orientados pelos três professores do programa. Lotados em escolas estaduais, eles fizeram seleção interna para o projeto.


Celebração
O Sareh fará cinco anos no HUM na sexta-feira (8). Oficialmente, existe há alguns dias a mais. Para comemorar, a equipe do projeto preparou atividades até 15 de junho. No corredor de acesso ao Pronto Atendimento, estarão fotos que retratam o período. 
Na porta de entrada, um painel simboliza os 12 hospitais que abrigam o projeto, mantido pelo Governo do Estado. Em Maringá, ele é fruto de parceria entre UEM e Secretaria de Estado de Saúde. 
O aniversário também foi marcado pelas oficinas literárias, de jogos, de preservação do meio ambiente e de pintura em cavaletes. No último dia da festa, um café colonial receberá convidados, a partir das 15h30, na sala do programa.  

*As fotos desta matéria são do blog www.sarehmga.blogspot.com, sobre o dia a dia da equipe do HUM.



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